Creio em Deus, o Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria,
Padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar
os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo, Na santa Igreja Universal;
Na comunhão dos santos; Na remissão dos pecados;
Na ressurreição da carne; Na vida eterna.
Amém.
“PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS”
O SOFRIMENTO SUBSTITUTIVO
Para alguns, parece estranho incluir tal afirmação “padeceu sob Pôncio Pilatos”, nesse Credo venerável da igreja. Cada segmento do Credo dos Apóstolos contém uma verdade essencial da fé e do próprio evangelho.
Contudo, como afirmar que Jesus sofreu sob Pôncio Pilatos pode ser uma verdade fundamental sobre a qual a Igreja deve firmar-se? O que é essencial sobre o sofrimento de Cristo?
Há duas dimensões que devem ser notadas no relato das Escrituras e recitadas no Credo dos Apóstolos, ou seja, a Cruz e o túmulo vazio representam, claramente, essas dimensões.
O apóstolo Paulo disse à igreja em Corinto que a morte de Cristo na cruz por nossos pecados era primordial no evangelho de Cristo, ao lado de sua ressurreição dentre os mortos (1 Co 15:1-3).
O apóstolo Paulo instruiu os cristãos a “gloriar-se” na cruz de Cristo (Gl 6.14). Os cristãos, porém, às vezes se esquecem de que Jesus não apenas morreu por nós, como também sofreu por nós.
Isaias 52 -53 profetiza o Servo sofredor que viria resgatar o povo de Deus. O texto aponta para a conexão integral entre aquele que reinará revelado como Aquele que sofrerá.
Apenas uma pessoa se encaixa na descrição do Servo sofredor profetizado em Isaias: seu nome é Jesus de Nazaré, Jesus Cristo, o Senhor.
Em Isaias 52-53, o profeta revela cinco componentes principais do Servo sofredor, assim sendo passaremos a expor adiante.
O profeta sobre o Servo sofredor começa com uma promessa em Isaías 52.13: “Eis que o meu Servo procederá com prudência; será exaltado e elevado e será mui sublime”.
1) A PROMESSA
Toda a missão do Servo sofredor começa com uma promessa direta do próprio Deus. Por causa da promessa de Deus, a obra do Servo sofredor cumprirá seu propósito.
Ele promete a um Servo que salvará e promete a prosperidade do trabalho de seu Servo. Essas notícias dos lábios do profeta encorajariam seus ouvintes.
Os cristãos conhecem a realização da promessa de Deus por meio do sofrimento de Jesus. Embora ele tenha sofrido na cruz e suportado a ira de Deus por seu povo, a promessa de Deus foi cumprida no dia da morte de Jesus.
A prosperidade de seu Servo veio por meio de seu sofrimento ao expiar pelo povo de Deus com seu próprio sangue.
2) A MISSÃO
“Padeceu sob Pôncio Pilatos”, essa frase consagra a missão da encarnação de Jesus. Isaías 53.4-5 detalha essa missão:
Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
O Servo sofredor vem para suportar tristeza, carregar dores e ser afligido à vista de Deus e dos homens. A intencionalidade do sofrimento ressoa nas palavras “traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades [...] pelas suas pisaduras fomos sarados”.
A missão da vida de Jesus apontava para a cruz. Sua encarnação aconteceu para que ele pudesse ser pregado na cruz e sofrer em seu caminho até lá. A alegria do Natal ocorre apenas em função do escândalo da cruz.
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21).
Esse versículo resume a missão do Servo sofredor. Ele veio por nossa causa. Ele veio para levar nosso pecado. Ele veio para viver uma vida sem pecado. Ele veio para tornar seu povo justo. E Ele fez isso por meio de seu sofrimento vicário.