O CREDO DOS APÓSTOLOS
Creio em Deus, o Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria,
Padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar
os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo, Na santa Igreja Universal;
Na comunhão dos santos; Na remissão dos pecados;
Na ressurreição da carne; Na vida eterna.
Amém.
Desceu à mansão dos mortos
Depois que Jesus morreu na cruz e seu corpo foi sepultado, onde ele esteve? Essa breve declaração no Credo nos lembra que Jesus, tendo verdadeiramente morrido, estava no que tanto o Antigo como o Novo Testamento descrevem como o reino dos mortos . A palavra hebraica no AT é Sheol, e a palavra grega do NT é Hades. Em ambos os casos, isso se refere ao reino temporário dos mortos que aguardam o julgamento final. O fato é que o nosso Salvador foi crucificado. Ele provou morte excruciante, uma morte horrível, horrorosa. Cristo foi desprezado pelos homens, até os seus o abandonaram, só as mulheres ficaram ao pé da cruz. Cristo “Foi crucificado, morto”. O Credo enfatiza esta morte: ele foi “sepultado” e desceu à mansão dos mortos”. A frase traduzida por “desceu ao inferno” apareceu pela primeira vez em uma das versões do Credo de Rufino, em 390, e depois não apareceu novamente em qualquer versão do Credo até o século VII. Aqueles que mantêm a tradução tradicional, isto é, que Cristo “desceu ao inferno”, defendem a ideia de Jesus Cristo indo ao inferno e levando algum tipo de mensagem redentiva para aqueles que morreram antes dele, mas, corretamente entendido, o que o Credo quer afirmar é que nosso salvador, Jesus Cristo, conheceu a morte, como todos os homens, e foi à morada dos mortos; ele experimentou a dor da morte e humilhação do julgamento de Deus sobre o pecado, que ele suportou em nome de todos os que creem Nele.
Os Gnósticos, que na verdade eram vários grupos heréticos que gravitavam ao redor da igreja entre os séculos II e III, tinham algumas noções curiosas sobre a crucificação e a morte.
Para esses grupos gnósticos, visto que Deus não pode morrer ou entregar a sua vida, então quem morreu na cruz não foi Jesus. Foi algum passante que estava ali na hora da crucificação.
Outros gnóstico ensinavam que Jesus foi crucificado, quando Jesus grita: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”, isso ocorreu porque o “espírito Cristo” o abandonou; Jesus morreu, mas o Cristo não morreu na Cruz. Outros diziam que Jesus, na verdade, ao entregar o seu espirito, desmaiou; então, quando colocado na tumba, ele teve uma espécie de choque, e reviveu, por assim dizer, ou acordou do desmaio. Para os gnósticos Jesus não morreu. Porque na mente dos membros deste grupo, a noção do Filho de Deus entregar a sua vida é escandalosa. Mas o evangelho ensina que a morte foi morta pela morte de Jesus Cristo. E esta é toda a nossa esperança. O inimigo que nos aterroriza, a morte, é um inimigo que esta próximo de nós. Vivemos em um país onde morrem cerca de 40 mil pessoa por ano por violência [dados Ministério da saúde]. Mas esse inimigo terrível foi morto na morte de Cristo. Para esse inimigo ser morto, Jesus Cristo teve de morrer, de fato. Este é o escândalo da fé cristã. Em seu último sermão aos cristão em Éfeso, o apóstolo Paulo afirmou: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constitui bispos, para pastoreardes a igreja de Deus [Cristo], a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (At.20.28). Essa afirmação é tão escandalosa que alguns eruditos citarão alguns manuscritos para traduzir “a igreja de Cristo, a qual ele comprou com o seu próprio sangue”. Mas o Deus da Escritura derramou sangue em nosso lugar. O Deus homem foi crucificado, morto, sepultado, e desceu à mansão dos mortos. Portanto, o Deus homem morreu de fato, Ele provou a morte, contudo está não pode retê-lo. E assim, ao mesmo tempo que confessamos que Cristo desceu aos mortos, preparamo-nos para celebrar que o Hades não conseguiu contê-lo, e por meio Dele não nos reterá também.
“Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens” (Ef 4.8).
Paulo usa uma ilustração (Sl 68.18) em que o guerreiro triunfante é exaltado ao retornar com grande número de prisioneiros, recebendo dádivas do povo conquistado e distribuindo presentes para seus seguidores.
“…e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2.15).